Ana Galvão

É a primeira vez que penso e reflicto, do outro lado da muralha, no dia da mãe. Aquilo escrito em letras gordas faz-me pensar com alguma profundidade sobre o assunto, afinal de contas esse será o título que terei no espaço de um mês.

Acredito que seja essa a ideia de todas as que o vão ser pela primeira vez, e que embora estes noves meses nos sirvam para nos moldar à ideia aos poucos, é inevitável parar de vez em quando para perceber tudo o que está acontecer, vem mesmo a caminho um ser humano!!

Dou por mim a olhar para os inúmeras publicidades à volta do dia da mãe, e penso em como este dia se transformou (como todas as outras celebrações actuais) numa pura e dura desculpa para se gastar dinheiro, se for possível, muito dinheiro, já diz o outro "viver para comprar, comprar para viver" . Telemóveis exclusivos para a mãe (com agendas especiais para organizar o trabalho e a família) , relógios, câmaras digitais, electrodomésticos novinhos em folha e ainda a lotaria da mãe (com uma frase que versa qualquer coisa como "De um sonho a quem lhe deu tudo" toma lá ...). Ahh já para não falar das tais ofertas que remetem a mãe ao seu "lugar": aventais e utensílios para a cozinha, que é como quem diz, obrigada mãe, gosto horrores de ti, por isso vai para a cozinha mais bonita e confortável com este meu presente para nos fazer o jantar, vá, vá, lá para dentro!

Na verdade, eu como futura mãe apenas vou desejar que o meu filho tenha um bocadinho mais de consciência sobre esta época louca de consumismo que estamos a passar, que seja livre, que tenha valores e sobretudo que mantenha toda a sua individualidade como ser humano, isso sim me deixará feliz nesse dia. Tenho dito!!

Há quem pelo seu lado evite ter de dar presentes à mãe nesse dia, basta para isso vende-la!